Escaneamento de Íris: A Polêmica da Coleta Mundial

Escaneamento de Íris A Polêmica da Coleta Mundial

Nota: As imagens são meramente ilustrativas e, em sua maioria, geradas pelo MidJourney.

Empresa pretende escanear a íris da população mundial para coletar dados

A BayLDA, a autoridade de proteção de dados da Baviera, na Alemanha, anunciou nesta quinta-feira (19) que vai excluir os dados coletados pela empresa World. Esta organização tem escaneado a íris de milhares de pessoas ao redor do planeta em troca de dinheiro. Para a BayLDA, a coleta não possui uma base legal suficiente.

A World afirma que, atualmente, os códigos de íris não são mais armazenados e que os dados coletados anteriormente foram excluídos de forma voluntária.

Esse projeto é liderado por Sam Altman, o bilionário cofundador da OpenAI, responsável pelo ChatGPT. A iniciativa vem coletando informações desde 2021, com operações em várias partes do mundo, incluindo o Brasil.

Objetivo do escaneamento

O intuito dessa coleta de dados é possibilitar que no futuro haja uma diferenciação mais eficiente entre humanos e robôs, além de facilitar a autenticação do login de usuários em diversas plataformas, como sites e aplicativos.

A BayLDA tem a responsabilidade de analisar como a World trata os dados na União Europeia, já que a sede do projeto está na Alemanha. A autoridade começou a investigar as operações da empresa em abril de 2023. Como resultado da investigação, a BayLDA decidiu:

  • Excluir determinados conjuntos de dados que foram coletados sem uma base legal adequada.
  • Exigir que a World obtenha consentimento explícito para certas etapas de processamento de dados no futuro.

Segundo a BayLDA, a empresa deve seguir essas regras em todos os seus processamentos de dados na Europa. A World já comunicou que planeja contestar essa decisão judicialmente.

A posição da World

A World afirmou que os resultados da investigação da BayLDA estão, em sua maioria, ligados a operações que já foram descontinuadas ou substituídas em 2023. Em suas palavras, “o parecer técnico da BayLDA refere-se a práticas que já foram ajustadas pela nossa equipe”. No entanto, a empresa reconhece que ainda é necessário realizar adaptações para alinhar seus processos de dados às legislações pertinentes.

Atualmente, a organização não armazena códigos de íris utilizados para verificar o World ID de cada pessoa, e afirma ter excluído voluntariamente os dados coletados anteriormente, garantindo que nenhuma informação pessoal seja retida.

Contexto na Espanha

Em março, a Agência Espanhola de Proteção de Dados havia interrompido a coleta de dados pela World em seu território. A decisão alemã, agora, respalda essa medida anterior. O empreendimento da World foi considerado uma possível violação das normas de proteção de dados da União Europeia e essa decisão foi ratificada pelo Tribunal Supremo da Espanha.

Escaneamento no Brasil

No Brasil, a World está atuando em 20 pontos de São Paulo e já escaneou as íris de 189 mil pessoas, segundo dados divulgados pela própria empresa nesta quinta-feira (19). Aqueles que concordam em fornecer seus dados recebem tokens da Worldcoin, a moeda digital da empresa, que pode ser convertida para o real.

O projeto da World

O escaneamento da íris, segundo a World, visa ajudar a diferenciar humanos e robôs criados por inteligência artificial. A ideia é que esta tecnologia substitua o Captcha, uma ferramenta de segurança utilizada para assegurar que quem está acessando uma página é uma pessoa real.

A estrutura do projeto inclui:

  • World ID: um passaporte digital que transforma o registro da íris em uma sequência numérica;
  • Token Worldcoin (WLD): a criptomoeda que serve como recompensa aos usuários;
  • World App: um aplicativo para realizar transações com a criptomoeda.

O escaneamento da íris é realizado por meio de um dispositivo chamado Orb, que captura uma imagem da íris e gera um código numérico para identificar os usuários. De acordo com a World, essa imagem é imediatamente descartada.

Opinião

Escanear íris para distinguir humanos de robôs soa futurista, mas negligencia a privacidade. A falta de base legal e consentimento informado preocupa. Inovar é ótimo, mas sem atropelar direitos. Precisamos de ética sólida para que o avanço tecnológico não transforme nossa identidade em simples moeda de troca.

Eduardo Azevedo

Visuailzer co-founder

Desenvolvedor com mais de 15 anos de experiência. Especialista em automações utilizando Inteligência Artificial, também atua em DevOps e Infraestrutura, desenvolvendo soluções inovadoras para otimizar processos e melhorar a eficiência de sistemas empresariais

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