Os Desafios e Avanços das Lentes Inteligentes na CES 2025
No segundo dia da CES, eu estava na fila para experimentar o meu décimo par de óculos inteligentes. Sinceramente, não sabia o que esperar, já que havia visto modelos que mais pareciam óculos de sol comuns com clones duvidosos do ChatGPT. Visitei várias bancadas, onde encontrei óculos praticamente idênticos aos de estandes vizinhos. Algumas telas mostravam informações que estavam muito apagadas, enquanto outras eram tão complicadas de calibrar que me fizeram desistir.
Mas quando coloquei os Rokid Glasses, a situação mudou. Meus olhos se arregalaram ao ver o que parecia uma mini área de trabalho. Ao deslizar o braço do óculos, uma lista horizontal de aplicativos apareceu. Letras verdes dançaram à minha frente, quase como um monitor no filme The Matrix. Uma funcionária da Rokid começou a falar em chinês e, mesmo com o barulho ao redor, vi a tradução em texto flutuar diante dos meus olhos. Após uma conversa rápida — ela perguntou se eu havia almoçado, e eu disse que não — ela me indicou para tentar tirar uma foto. A tela mudou para o que parecia ser o visor de uma câmera. Apertei o botão multifuncional e, como em um passe de mágica, vi a animação. No celular dela, apareceu a foto que eu tirei.
‘Incrível!’ pensei. ‘Então é assim que os óculos inteligentes da Ray-Ban Meta seriam se tivessem uma tela.’ E então me veio a dúvida: ‘Se isso é possível, por que eles ainda não têm uma?’
Três Tipos de Óculos Inteligentes
Parece que todo mundo ainda está tentando descobrir qual é o par perfeito de óculos inteligentes. Nos últimos dias, testei cerca de 20 modelos e percebi que todos se encaixavam em uma das três categorias principais, que equilibram usabilidade e funcionalidade.
- Óculos Simples e Estilosos: Quanto mais estilosos e confortáveis são os óculos inteligentes, menos recursos eles costumam ter. Para muitos, isso é um ponto positivo.
- Óculos com Tecnologia Discreta: Um exemplo é o Nuance Audio, que funciona como um aparelho auditivo disfarçado. Eles reduz a luz ao redor e amplificam a voz da pessoa com quem você fala. Parecem super normais e vêm em várias cores e formatos, ajudando a eliminar o estigma em torno dos aparelhos auditivos.
- Óculos Electocromáticos: Os Chamelo, que mudam de tonalidade ao toque de um dedo e têm a opção de áudio Bluetooth, não são uma novidade, mas agora estão oferecendo mais conforto ao incluir lentes com prescrição.
Telescópios da Face
No outro extremo do espectro, estão os veteranos da CES, Xreal e Vuzix. Quando cheguei ao estande da Xreal, estava lotado. As pessoas experimentavam os óculos enquanto “dirigiam” um BMW (o carro não se movia, mas os participantes faziam como se estivessem em uma corrida). Coloquei um modelo Xreal Air 2 Ultra, que tinha telas minúsculas flutuando abaixo das lentes. De longe, pareciam normais, mas de perto, eram bem volumosos e saíam do rosto de forma estranha.
Dentro dos óculos, vi jogadores de futebol em ação, informações aparecendo sobre suas cabeças e um vídeo panorâmico com avatares de amigos assistindo comigo. Fui desafiado a descrever uma criatura fictícia e, ao escolher um “gato monstruosamente gordo com asas de unicórnio”, ele imediatamente apareceu na tela. Minhas mãos puxavam e ampliavam a imagem conforme desejava.
Quando fui ao estande da Vuzix, encontrei menos gente, mas talvez porque muitos estavam distraídos com um estranho concurso de karaokê nos estandes próximos. Eu experimentei o último modelo, os Ultralite Pro. Apesar de parecerem mais pesados, eles apresentavam uma série de luzes coloridas e um display 3D que criava profundidade nas imagens.
Óculos de Espião
Essa divisão entre forma e função não é nova. O que está mudando é que existem mais óculos inteligentes nos quais essa linha se torna mais tênue. Por exemplo, os óculos Loomos.AI da Sharge, que se parecem com os da Meta, mas podem usar o ChatGPT para fotos 4K e vídeos 1080p. Infelizmente, precisam de uma bateria no formato de colar. Já a RayNeo apresenta seus modelos X3 Pro, mais compactos e refinados.
Dentre os diversos óculos inteligentes que vi, três se destacaram: Halliday, Even Realities G1 e os Rokid Glasses. Todos têm um design discreto, com um display verde monocromático quase invisível. O Halliday projeta a imagem na sua retina, enquanto os outros dois utilizam displays microgravados nas lentes, quase invisíveis de frente.
A Era dos Óculos Inteligentes
Quanto mais converso com os responsáveis por esses produtos, mais percebo que todos acreditam que os óculos inteligentes são o futuro — embora a receita para alcançá-lo ainda seja uma incógnita. Reid Covington, CEO da Chamelo, afirma que a otimização para o uso prático dos óculos é fundamental: “Você os usa para ver e bloquear a luz.” D’Alena, da Nuance Audio, acrescenta que a estética é tão importante quanto a funcionalidade. “Se não forem bonitos, as pessoas não vão usar.”
Veteranos como Chi Xu, da Xreal, comentam sobre a divisão entre AR (realidade aumentada) e AI (inteligência artificial). Segundo ele, haverá um momento em que tudo convergirá, mas atualmente cada empresa desenvolve suas próprias visões.
Apesar da fragmentação, todos concordam que o interesse por óculos inteligentes aumentou significativamente nos últimos tempos. A maioria das empresas confirma que a rápida evolução da tecnologia agora torna possível o que antes parecia impossível. Entretanto, ainda resta um desafio: com “óculos inteligentes”, é preciso ver para acreditar.
Opinião
O cenário dos óculos inteligentes está em constante evolução, e as inovações apresentadas na CES 2025 mostram que estamos mais perto do que nunca de uma nova era tecnológica. É interessante notar como o design e a funcionalidade andam lado a lado, e como diferentes empresas estão se esforçando para tornar esses dispositivos parte do nosso dia a dia. É um momento emocionante, sem dúvida!