Estamos vivendo um momento de profundas transformações nos negócios, comparável à revolução que a internet provocou há duas décadas e à explosão do uso de smartphones há cerca de dez anos. Agora, a grande pergunta que paira no ar é: como será o futuro do consumo e do varejo com a Inteligência Artificial moldando novas dinâmicas?
Esse tema foi destaque no Latam Retail Show 2024, o maior evento de consumo e varejo da América Latina. Um dos pontos altos do evento foi a palestra de Eric Siegel, autor do best-seller “Predictive Analytics”, que trouxe reflexões sobre o presente e o futuro dessa revolução digital.
Segundo Siegel, “o aprendizado de máquina, ou IA, está na linha de frente do progresso humano, otimizando as operações com o uso da ciência de dados. Ele permite que sistemas aprendam com informações passadas e previsões de comportamentos, resultados e tendências.” Essa visão sintetiza o impacto dessa tecnologia nas mais diversas áreas.
IA preditiva vs. IA generativa no varejo
A IA generativa, como o famoso ChatGPT, vem chamando atenção por sua facilidade de uso e capacidade de gerar conteúdo automaticamente. No entanto, quando se trata de impacto real nas operações empresariais, é a IA preditiva que se destaca. Diferentemente da IA generativa, cujo retorno sobre investimento ainda é desafiador de mensurar, a IA preditiva já se provou uma ferramenta eficaz há muitos anos.
A UPS, por exemplo, utiliza IA preditiva para otimizar sua complexa logística de entregas. Com milhares de centros de distribuição ao redor do mundo, a empresa consegue prever quais pacotes os consumidores enviarão antes mesmo de recebê-los, economizando aproximadamente 350 milhões de dólares e milhões de milhas rodadas.
Outro exemplo notável é o da Amazon, que emprega IA preditiva para personalizar as recomendações de compra de seus usuários com base em seus hábitos de consumo. Essas recomendações respondem por cerca de 35% de suas vendas, mostrando o quanto essa tecnologia pode impulsionar as receitas.
Na África do Sul, a varejista de moda Superbalist implementou uma ferramenta de IA preditiva em seus canais digitais, projetada para ajudar os consumidores a encontrar o tamanho de roupa ideal. Usando informações simples, como altura, peso e tipo de corpo, a ferramenta cruza esses dados com o feedback de milhares de outros consumidores, reduzindo significativamente o número de devoluções devido a tamanhos inadequados.
- Definir um objetivo claro – Estabelecer o que se deseja alcançar com a IA;
- Estabelecer uma meta de previsão – Determinar o que será previsto;
- Definir métricas – Especificar como o sucesso será medido;
- Preparar os dados – Organizar e estruturar as informações relevantes;
- Treinar o modelo – Etapa que envolve o uso de tecnologia avançada;
- Implementar o modelo – Integrar as previsões na operação diária da empresa.
Como implementar a IA preditiva nas operações
De acordo com Siegel, a implementação de modelos preditivos em uma empresa pode ser um processo simples, que não requer alta tecnologia em todas as fases. Ele propõe um modelo de seis passos essenciais para que qualquer negócio possa usufruir dos benefícios dessa tecnologia:
O verdadeiro valor desse processo surge no sexto passo, quando as decisões empresariais passam a ser tomadas com base nas previsões geradas pela IA, proporcionando impactos mensuráveis nas operações e resultados.
O verdadeiro valor desse processo surge no sexto passo, quando as decisões empresariais passam a ser tomadas com base nas previsões geradas pela IA, proporcionando impactos mensuráveis nas operações e resultados.
O impacto da IA preditiva no varejo
Assim como a internet, os smartphones e as redes sociais transformaram o mercado em momentos passados, a IA está destinada a provocar uma nova ruptura. A história mostra que, em momentos de revolução tecnológica, empresas líderes do ciclo anterior tendem a ser substituídas por competidores mais ágeis, que dominam as novas tecnologias. Basta olhar a lista das maiores varejistas antes e depois do advento da internet para entender a magnitude dessa transformação.
O sucesso na nova era da IA dependerá da rapidez com que as empresas conseguirem se adaptar e implementar essas novas ferramentas em suas operações. A agilidade na tomada de decisões com base em dados será o diferencial entre aquelas que vão prosperar e as que serão deixadas para trás.
A IA preditiva já demonstra seu valor em diversas áreas do varejo, ajudando a reduzir custos, melhorar a experiência do cliente e impulsionar as vendas. Ao contrário do que se imagina, a implementação dessa tecnologia não é inalcançável. Trata-se de uma jornada que exige visão estratégica, mas, acima de tudo, ação rápida e prática.
Liderança com IA no varejo
A lição que a história nos dá é que grandes inovações tecnológicas mudam a lógica de mercado. As empresas que souberem integrar a IA preditiva em suas operações estarão mais preparadas para liderar o setor. Nesse cenário de evolução contínua, o diferencial competitivo será de quem souber agir rápido e tomar decisões baseadas em dados.
Assim como a internet redefiniu o varejo há anos, a IA está prestes a moldar o futuro do setor. E aqueles que souberem navegar nesse novo ambiente tecnológico sairão na frente da concorrência, prontos para liderar essa nova fase do mercado.
Opinião: IA preditiva no varejo – o próximo salto rumo ao futuro
A IA preditiva é mais que uma tendência: é a chave para o futuro do varejo. Personalização, eficiência e decisões orientadas por dados já transformam empresas como Amazon e UPS. O recado é claro: adaptar-se rapidamente a essa revolução será o divisor entre liderar ou ficar para trás.
