Robôs Vasculham Sites em Busca de Ofertas
A Black Friday e a temporada de compras de Natal já estão em plena ação. No entanto, as grandes pechinchas, especialmente aquelas relacionadas a consoles de jogos ou placas de vídeo disputadas, podem rapidamente sumir da cartela de consumidores. Isso acontece por conta de um exército de robôs que está em constante operação, sempre à caça de lucros com preços baixos neste período do ano.
Esses robôs, também conhecidos como bots, atuam invadindo sites de e-commerce ao redor do mundo. Eles estão atentos ao momento em que um produto é disponibilizado e imediatamente alertam seus administradores. Esse alerta torna possível que esses programas adquiram produtos muito mais rápido do que qualquer consumidor humano conseguiria.
Consequentemente, um produto que pode estar disponível em um varejo físico logo esgota e aparece em sites de revenda como o eBay, mas a um preço bem mais alto. Como explica Thomas Platt, da empresa de gerenciamento de bots Netacea, esses robôs estão dominando o estoque de tudo, incluindo brinquedos e coleções de filmes. “Se houver um nicho de mercado ou um lançamento potencialmente lucrativo, essas indústrias estarão na mira dos bots”.
“Menos de um segundo após o lançamento, todas as peças acabaram.”
Como Funcionam Esses Robôs?
Os robôs de sniping, como são chamados, notificam os usuários quando um item retorna ao estoque. Eles permitem que os responsáveis pelos bots compitam para comprar o produto antes de qualquer outro. Além disso, os robôs mais sofisticados realizam compras automaticamente, originando-se de setores como o de tênis de edição limitada.
Nos últimos anos, esses itens de alta demanda geraram o surgimento de robôs mais avançados. Os “grupos de cozinheiros” em canais como Discord compartilham informações sobre lançamentos, horários e disponibilidade dos produtos. As táticas vão desde ajustes na estratégia de compra até o aluguel de servidores mais próximos à localização do site alvo — tudo para ganhar frações de segundo.
Impacto no Comércio
Esse contexto gera um dilema para os varejistas. Para um lado, é importante vender os produtos, sem importar se a compra é feita por um robô ou um cliente comum. Porém, se os clientes reais não conseguirem adquirir itens, logo buscarão alternativas em outros lugares.
Rob Burke, ex-diretor de comércio eletrônico da GameStop, menciona que um percentual considerável do tráfego nos sites é, na verdade, bot. “Às vezes, mais de 60% do nosso tráfego era de robôs”, afirma ele.
Com a chegada da Black Friday, alguns itens se tornam ainda mais difíceis de encontrar, principalmente se forem oferecidos a um preço com desconto atrativo. Os robôs ajudam a fomentar a prática de compra em baixa e venda em alta, o que configura um verdadeiro negócio.
O Que Isso Implica Para as Compras de Natal?
Ainda que a presença desses robôs crie uma competição desleal, pode haver um lado benéfico: alguns varejistas utilizam bots de price scraping, que monitoram preços para não ficarem atrás dos concorrentes.
Apesar de muitos varejistas se recusarem a comentar sobre as estratégias adotadas para lidar com os robôs, eles estão implementando soluções inteligentes. Por exemplo, em 2020, a loja britânica Currys PC World surpreendeu ao aplicar um código de desconto que teve que ser inserido manualmente, garantindo que o preço voltasse ao esperado pelos consumidores.
Enquanto isso, muitos varejistas têm optado por cobrar uma quantia para manter clientes em uma lista de espera, ou anular compras feitas por robôs, mostrando que a competição entre eles e os bots deve continuar por um tempo.
O Que Fazer Sobre Isso?
A prática de utilização de robôs não é ilegal — embora algumas legislações, como no Reino Unido, já tenham proposto proibições em certas áreas como vendas de ingressos. Contudo, os varejistas estão se adaptando para superar esse desafio.
Com a expectativa de que as compras durante a Black Friday e o Natal serão impactadas por esse fenômeno dos robôs, consumidores e varejistas precisam ficar atentos às novidades do mercado, garantindo que as ofertas esperadas não sejam completamente absorvidas por algoritmos antes mesmo de chegar ao público.