Marc Benioff e a Revolução dos Agentes de IA na Salesforce
Se Don Draper de “Mad Men” era, na essência, um publicitário, o CEO da Salesforce, Marc Benioff, é, sem dúvida, um vendedor nato. Recentemente, ele tem se lançado na venda – ou melhor, na promoção – da nova plataforma de criação de agentes de IA da empresa, chamada AgentForce.
É famoso o entusiasmo de Benioff por todas as novidades da Salesforce, mas na última terça-feira, durante a divulgação dos resultados trimestrais da companhia, ele apresentou números que justificam toda essa empolgação. Segundo ele, a Salesforce fechou 200 contratos para o AgentForce em apenas um trimestre e planeja contratar 1.400 vendedores para ajudar a fechar ainda mais negócios.
“AgentForce se tornou disponível no dia 24 de outubro, e já estamos vendo essa incrível velocidade, mais de 200 negócios do AgentForce apenas no terceiro trimestre,” disse Benioff aos analistas durante a conferência.
O CEO ainda mencionou que o pipeline de vendas está repleto de oportunidades, com milhares de potenciais transações previstas para os próximos trimestres. Entre os clientes do AgentForce estão FedEx, Adecco, Accenture, ACE Hardware, IBM e RBC Wealth Management.
A Salesforce também espera um aumento na receita para o ano fiscal, projetando entre 37,8 e 38 bilhões de dólares, um crescimento de 8% a 9% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pela força de seus produtos de IA.
Na recente entrevista ao Techcrunch, Benioff afirmou que espera que os clientes da Salesforce implementem um bilhão de agentes de IA no próximo ano e que esses agentes permitirão que as empresas tenham uma força de trabalho ilimitada.
“Esses agentes não são ferramentas. Eles estão se tornando colaboradores. Estão trabalhando 24/7 para analisar dados, tomar decisões e agir,” comentou na conferência.
Benioff acredita que a Salesforce está se estabelecendo como o maior fornecedor de trabalho digital do mercado, e ressalta que isso é apenas o começo.
Por outro lado, a transformação dessa visão em realidade ainda está por ser comprovada. A tecnologia baseada em modelos de linguagem ainda enfrenta desafios, como o problema de alucinações, um entrave que afeta a imitação da criatividade.
Embora a AgentForce possa treinar com até 300 petabytes de dados reais geridos pela Salesforce, a expectativa é de que se reduza significativamente esse problema.
Startups estão se dedicando a resolver outros problemas relacionados aos modelos de linguagem, como memória e estado, essenciais para transformar agentes de IA em verdadeiros colaboradores digitais.
À medida que o 2024 avança e empresas buscam uma direção clara para seus investimentos em IA, a resposta para o dilema “o que estamos fazendo com IA?” parece ser: agentes de IA para vendas e atendimento ao cliente.
É interessante notar, e isso não é sem ironia, que a Salesforce precisará contratar humanos para vender esta tecnologia. Isso pode indicar que a IA não apenas substituirá empregos, mas sim criará novas oportunidades. Talvez seja um sinal de que, mesmo uma empresa que defende a ascensão da força de trabalho digital não está pronta para entregar completamente as rédeas para o software.
Como explicou Brian Millham, COO da Salesforce, na conferência: “Para atender à demanda crescente pelo AgentForce, estamos contratando 1.400 AEs globalmente no nosso quarto trimestre e também estamos utilizando novos agentes SDR de vendas e agentes de coaching de vendas para auxiliar cada vendedor”.
A Salesforce não está sozinha nesse caça às aplicações de AI empresarial. Startups que oferecem tecnologia SDR estão em alta em 2024, atraindo investimentos significativos de capital de risco e gerando receitas iniciais.
No entanto, as empresas que detêm os dados necessários para treinar os bots, como Salesforce, HubSpot e ZoomInfo, têm uma vantagem significativa nesse mercado competitivo. O mesmo se aplica aos bots de atendimento ao cliente.