O Reencontro com a Realidade da Inflection AI
No ano passado, a Inflection AI era um dos nomes mais quentes do mercado, lançando modelos de IA de ponta, que prometiam superar as tecnologias oferecidas por gigantes como OpenAI, Meta e Google. Contudo, essa realidade mudou drasticamente, pois o novo CEO da empresa afirmou ao TechCrunch que a startup não está mais focada em competir nesse setor.
Desde então, mudanças significativas ocorreram na Inflection. A Microsoft contratou o então CEO Mustafa Suleyman para liderar seus negócios de IA, e pagou cerca de 650 milhões de dólares para incorporar grande parte da equipe da startup e licenciar suas tecnologias. Há alguns meses, a Inflection anunciou limitou o uso de seu chatbot de IA, o Pi, enquanto direcionava mais seus esforços para clientes corporativos.
Novas Aquisições e Direções
Nesta terça-feira, a Inflection revelou que adquiriu três startups de IA apenas nos últimos dois meses, visando expandir as ferramentas disponíveis para clientes empresariais globais que utilizam modelos de IA atualmente disponíveis. A empresa também não descarta a possibilidade de licenciar modelos de IA de seus antigos concorrentes no futuro.
Por outro lado, a Federal Trade Commission (FTC) está investigando a aquisição parcial da Inflection pela Microsoft para verificar se a parceria foi estruturada de forma a reduzir a concorrência.
Nova Abordagem em Concorrência
O novo CEO da Inflection, Sean White, que assumiu após o acordo com a Microsoft, afirma que a startup não busca mais desenvolver a próxima geração de modelos de IA, mas ainda compete no segmento empresarial.
“Não vou, e não sinto a necessidade de competir com uma empresa que está tentando construir o próximo sistema de 100.000 GPUs,” comentou White em uma entrevista ao TechCrunch.
White destaca que, embora a Inflection não busque competir neste sentido, continua a concorrer no mercado empresarial. “Nossas soluções e as ferramentas que estamos trazendo são realmente esse camada empresarial que atenderá às necessidades delas,” explicou.
Foco Prático e Novas Aquisições
O CEO acredita que os modelos de IA atuais são suficientes para atender as necessidades da maioria das empresas no momento. White ainda expressou suas dúvidas em relação ao chamado scaling de computação em tempo de teste, que muitos consideram ser a próxima geração de modelos de IA.
“Há uma parte de mim que diz: ‘Haha! Agora todos nós temos latência em nossas inferências, então vamos chamar isso de pensamento’,” disse White, referindo-se à tendência de rotular a latência como um sinal de raciocínio nos modelos modernos.
Dessa forma, ao invés de investir na pesquisa de ponta em IA, a Inflection agora busca desenvolver ferramentas práticas para empresas. Recentemente, a empresa anunciou a aquisição da Jelled.AI, que utiliza IA para gerenciar caixas de entrada de funcionários, e da BoostKPI, especializada em ferramentas de análise de dados com IA. No mês passado, também foi anunciada a compra da Boundaryless, uma consultoria na Europa, com o intuito de expandir sua presença internacional.
White assegura que a Inflection ainda utiliza seus próprios modelos, mas que isso não significa que a empresa não venha a utilizar outros modelos de IA no futuro.
Preservação da Segurança de Dados
Uma das vantagens da Inflection é que sua IA pode ser executada localmente, em contraste com as ofertas das principais laboratórios de IA, que geralmente devem ser operadas na nuvem. Essa abordagem pode ser especialmente atraente para empresas que priorizam a segurança de seus dados.
Essas aquisições ajudaram a Inflection a reunir uma gama diversificada de talentos e produtos. Contudo, a startup enfrentará uma forte concorrência no setor de IA empresarial. Empresas como Salesforce estão investindo pesadamente em agentes de IA, enquanto Meta recentemente lançou uma nova unidade de IA para negócios. Com relação às startups, companhias como Anthropic e Cohere continuam a desenvolver produtos específicos para clientes empresariais. Portanto, a Inflection se sente mais preparada para competir no espaço corporativo atualmente, em vez de pressionar contra laboratórios de IA de ponta na criação de modelos cada vez mais capazes.