Startup Francesa Rounded Apostando em Agentes de Voz com IA
A startup francesa Rounded acredita que os agentes de voz com inteligência artificial estão prestes a se tornar a maneira padrão de interação entre clientes e empresas. Em vez de desenvolver agentes de voz prontos para uso, a empresa está criando uma plataforma de orquestração que permite que as empresas construam seus próprios agentes de voz.
No início, a Rounded trabalhava em um produto de web3, mas em junho de 2023 decidiu mudar seu foco para explorar os agentes de voz com IA. Como explicou o cofundador Aymeric Vaudelin, “a ideia era simplesmente colocar o ChatGPT após um transcritor e antes de um sintetizador, e isso seria valioso”.
Desafios e o Nascimento do Agente Donna
Logo, a equipe se deparou com a conhecida dificuldade de encaixar seu produto no mercado. “Após alguns meses, percebemos que o mercado ainda não estava preparado para ouvir sobre agentes de voz. Por isso, desenvolvemos um produto e organizamos tudo para criar um primeiro agente”, completou Vaudelin.
Esse esforço resultou no surgimento de Donna, um agente de voz com IA voltado para anestesistas. Apesar de parecer uma escolha incomum, o foco nesse nicho se deu pelo alto volume de chamadas que os secretários de anestesia precisam gerenciar, onde as interações costumam ser muito transacionais.
Na França, para agendar uma cirurgia, os pacientes precisam conversar com o anestesista antes para garantir que não possuem alergias a produtos anestésicos ou potenciais complicações.
Desempenho de Donna e Evolução da Tecnologia
Os secretários de anestesia recebem uma grande quantidade de chamadas que são geralmente diretas. Normalmente, as pessoas apenas querem saber a disponibilidade do anestesista, agendar uma consulta ou mudar a data do procedimento.
Além disso, essas chamadas não são de vendas, então um agente de IA não precisa ser persuasivo ou extremamente eficiente. Vaudelin relatou que nos primeiros dias enfrentaram latências de até 4, 5 ou 6 segundos.
No entanto, com o desenvolvimento de Donna, a Rounded conseguiu convencer 15 hospitais privados a permitir que um agente de voz com IA atendas as chamadas. A empresa afirma que o agente já participou de centenas de milhares de conversas. Com o tempo, a Rounded aprimorou o produto para torná-lo mais preciso, melhor integrado com outros sistemas e, principalmente, mais rápido.
“Com uma chamada pela web, por exemplo, agora conseguimos uma latência de menos de 700 milissegundos – mais próximo de 600 milissegundos. Acrescentando 200 milissegundos para a conectividade telefônica, mais ou menos”, disse Vaudelin.
Nova Plataforma de Orquestração de Agentes de Voz
Recentemente, a Rounded ampliou seu escopo com um produto de orquestração que outras empresas podem usar para desenvolver seus próprios agentes de voz. A plataforma permite que você escolha modelos de IA prontos, como um modelo de conversão de fala para texto, um modelo de linguagem de grande porte (LLM) e um modelo de conversão de texto para fala. Por exemplo, para seu primeiro agente de voz, você poderia usar o Azure para transcrever a ligação, o GPT-4o mini como LLM e o ElevenLabs como seu motor de conversão de fala para texto.
A plataforma ajuda a definir as árvores de instrução e os prompts que farão o LLM funcionar para casos de uso específicos. “Implementar um agente significa encontrar o prompting certo, os parâmetros adequados e as variáveis corretas no prompt”, explicou Vaudelin.
Financiamento e Futuro Promissor
A Rounded já levantou 600.000 euros (cerca de 620.000 dólares) com o acelerador de deeptech da UC Berkeley, SkyDeck, além de vários investidores anjo. No entanto, considerando que a inteligência artificial continua sendo uma área em alta, é provável que a startup arrecade ainda mais fundos nos próximos meses.
Tendo em vista o potencial da IA e a proposta inovadora da Rounded, fica claro que estamos apenas arranhando a superfície do que esses agentes de voz podem alcançar. Será interessante acompanhar como essa tecnologia evolui e se torna parte do nosso cotidiano. E você, o que acha dessa mudança na comunicação entre empresas e clientes?
