OpenAI remove declaração de “inteligência artificial imparcial” de documento de política
A OpenAI fez uma pausa discreta ao remover trechos que endossavam a ideia de “IA politicamente neutra” de um de seus documentos de política recentemente publicados.
No rascunho original de seu “blueprint econômico” para a indústria de inteligência artificial nos Estados Unidos, a OpenAI afirmava que os modelos de IA “deveriam ser, por padrão, politicamente imparciais”. No novo rascunho, divulgado na segunda-feira, essa frase foi excluída.
A justificativa da OpenAI
Quando questionado sobre a mudança, um porta-voz da OpenAI comentou que a edição foi parte de um esforço para “simplificar” o documento. Além disso, ressaltou que outras documentações da OpenAI, incluindo a Modelo Especificação, já abordam questões de objetividade.
Essa especificação, lançada em maio, busca esclarecer o comportamento dos diferentes sistemas de IA da empresa.
O debate sobre IA e política
No entanto, essa revisão sinaliza o campo minado político que se tornou o discurso sobre “IA tendenciosa”.
Aliados do presidente eleito Donald Trump, como Elon Musk e o “czar” das criptomoedas e IA, David Sacks, acusaram chatbots de IA de censurarem pontos de vista conservadores. Sacks, em particular, destacou o ChatGPT da OpenAI como “programado para ser woke” e impreciso sobre assuntos politicamente sensíveis.
Musk, por sua vez, apontou tanto os dados usados para treinar os modelos de IA quanto a “wokeness” das empresas da área da baía de San Francisco como responsáveis por esse fenômeno. “Muitas das IAs que estão sendo treinadas na área da baía de San Francisco tendem a adotar a filosofia das pessoas ao seu redor”, afirmou Musk em evento apoiado pelo governo da Arábia Saudita.
O dilema da imparcialidade
Na realidade, o viés em IA é um problema técnico que ainda não tem solução. A empresa de Musk, a xAI, também enfrenta dificuldades em criar um chatbot que não favoreça algumas opiniões políticas em detrimento de outras.
Um estudo de pesquisadores baseados no Reino Unido, publicado em agosto, sugeriu que o ChatGPT apresenta um viés liberal em tópicos como imigração, mudanças climáticas e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Contudo, a OpenAI sustentou que quaisquer viéses que apareçam no ChatGPT “são erros, não características”.
Opinião Final
Essa situação revela não apenas a complicada relação entre tecnologia e política, mas também o desafio contínuo de criar sistemas de IA que sejam verdadeiramente imparciais. Isso nos leva a refletir: é possível criar uma inteligência artificial sem viés político?