Mais de 700 mil usuários dos EUA baixaram o RedNote
Com a iminência do prazo de proibição do TikTok, mais de 700.000 usuários nos EUA fizeram o download do RedNote, uma popular rede social chinesa. Porém, muitos podem rapidamente se ver à procura de outra alternativa, já que a situação do RedNote é preocupante. Um oficial dos EUA revelou à CBS News que o aplicativo, conhecido como Xiaohongshu, enfrenta as mesmas questões que levaram o Congresso a banir o TikTok e pode também acabar sofrendo um veto, caso não se desassocie de sua matriz na China.
“Parece que este é o tipo de aplicativo ao qual a lei se aplicaria e poderia enfrentar as mesmas restrições que o TikTok, a menos que se desvincule”, disse o oficial anônimo à CBS News na quinta-feira.
Ele se referia à Lei de Proteção aos Americanos contra Aplicativos Controlados por Adversários Estrangeiros, a legislação que possibilitou o banimento do TikTok. Durante as discussões que antecederam essa proibição, os legisladores levantaram preocupações sobre a influência do governo chinês na moderação de conteúdo do TikTok — um problema que também se aplica ao RedNote. De acordo com o site The Information, o RedNote começou a remover postagens de usuários americanos que são consideradas “sensíveis demais”. Isso inclui publicações sobre temas LGBTQ.
Três fontes com conhecimento nas comunicações entre o RedNote e a Administração do Ciberespaço da China informaram ao The Information que os reguladores estão preocupados com postagens de teor político. Além disso, autoridades chinesas instruíram a equipe de relações governamentais do RedNote a garantir que os usuários na China não pudessem visualizar os posts de usuários dos EUA.
Atentos às advertências sobre privacidade
Defensores da privacidade também estão emitindo alertas sobre o uso do RedNote. Em uma declaração via e-mail, Cooper Quintin, tecnologista da Electronic Frontier Foundation, disse que “qualquer pessoa cuja privacidade seja uma questão de segurança pessoal” deve pensar duas vezes antes de fazer o download do aplicativo. Quintin destacou que a EFF tem preocupações semelhantes em relação a aplicativos baseados nos EUA, como o Facebook.
“As pessoas que buscam aplicativos de redes sociais alternativos devem ser cautelosas quanto às implicações para a privacidade ao compartilhar informações com um aplicativo que ainda não passou por um escrutínio público substancial fora da China”, afirmou Quintin.
Ele também acrescentou: “Este certamente não é um plataforma que valoriza a liberdade de expressão — é um aplicativo fortemente censurado, onde tópicos como discurso político, drogas e sexualidade são controlados de maneira mais rígida do que em redes sociais similares. E não é uma plataforma que protegerá você do capitalismo de vigilância baseado nos EUA, uma vez que compartilha dados com as redes de anúncios do Facebook e Google.”